Mesmo sendo um país muito frio, o futebol é um dos esportes mais populares na Estônia. Bem, talvez não tão popular como o basquete onde o país já conseguiu por duas vezes atingir a quinta colocação na FIBA EuroBasket, maior competição do esporte na Europa. Porém, mesmo assim, essa paixão brasileira também tem um espaço quentinho no coração estoniano, e nós temos representantes da nossa terrinha fazendo bonito no futebol na Estônia.
Você sabia que atualmente temos três atletas brasileiros jogando na liga profissional de futebol da Estônia? Lavinho e Pedro Victor, que jogam pelo Nõmme Kalju, e Bruno Caprioli, que defende as cores do Paide Linnameeskond.
Trocamos uma ideia bem legal com o Bruno para falar um pouco da sua carreira como jogador de futebol na Estônia e também sobre como são os bastidores da Liga por aqui, dá uma olhada aí!
O começo
Bruno é natural de Salto, município pertencente a região metropolitana de São Paulo, e iniciou sua carreira profissional jogando pelo Ituano, mesmo time que defendeu nas categorias de base desde seus 15 anos.
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“Durante meu tempo como profissional do Ituano, por conta da pouca idade fui emprestado para outros times para pegar mais experiência, somei assim passagens também pelo Rio Branco (AC) e o Guarani de Palhoça (SC). Foi quando voltei ao Ituano e fiquei até o fim do meu contrato, em dezembro de 2018″, explica.
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Jogador de futebol na Estônia?
O jogador nasceu em 1996 e hoje tem 24 anos, e não é muito comum jogadores tão jovens começarem uma carreira na Europa sem antes terem jogado em times de maior expressão no Brasil, mas Bruno conta que o fato de ter cidadania ítalo-brasileira o ajudou nesse cenário.
“Meu contrato com o Ituano tinha acabado e por ter passaporte italiano eu já esperava por uma oportunidade na Europa, e foi quando as conversas com o Paide se iniciaram. Tudo aconteceu no momento certo e em junho de 2019 me mudei pra cá, e minha esposa chegou em janeiro de 2020.”
Quando perguntado sobre a adaptação na Estônia, Caprioli cita o ponto que até agora se tornou unanimidade entre basicamente todos os brasileiros que entrevistamos para essa série: o clima.
“A pior parte na minha adaptação aqui foi o frio. Apesar de eu ter chego no verão, já senti de cara a diferença climática, mesmo em dias com sol e calor, a temperatura é muito diferente se comparada ao Brasil. A língua também foi um fator que complicou um pouco. Apesar de quase o time todo falar inglês, muitas vezes entre eles é normal que conversem estoniano – dentro e fora do campo – então demorou um pouco pra eu começar a me desenvolver e me soltar mais com o time. Mas a adaptação foi consideravelmente rápida e hoje nos comunicamos normalmente.”
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A estrutura do campeonato
Bom, como citamos anteriormente, hoje são três brasileiros que disputam a Premium Liiga da Estônia, e conversamos com o Bruno para entender um pouco mais sobre a estrutura e como os estonianos tratam o esporte por aqui.
“É um esporte que ainda está em desenvolvimento no país, ainda tem bastante espaço para crescer, mas a estrutura que temos hoje é muito boa. Todos os jogos têm transmissão online, o que faz possível com que minha família me acompanhe à distância. Além disso, a torcida apesar de não comparecer em peso nos jogos, se mostra bem fiel e sempre nos acompanha nas partidas e também nas redes sociais. Tudo indica que o esporte deva crescer ainda mais por aqui nos próximos anos. Estamos no caminho certo.”
Curiosidade: a primeira partida de qualificação na história da Copa do Mundo foi disputada entre a Suécia e a Estônia (6: 2) em 11 de junho de 1933.
Bruno é meio campista e também comenta sobre a diferença entre o futebol jogado no Brasil e na Estônia. “Lá no Brasil a gente tem um estilo diferente de jogar, com mais habilidade e improviso. O estilo europeu é mais rápido, de contato e tático. Então a gente precisa adaptar um pouco a nossa forma de jogar quando atuamos por aqui, mas sem perder completamente a nossa característica. Afinal, esse é nosso diferencial”, ressalta.
E olha só o cartão de visitas do cara:
A rotina como jogador profissional na Estônia
Uma curiosidade que sempre tive desde moleque (afinal, quase todo brasileiro já sonhou um dia em ser jogador) é sobre a rotina deles no futebol profissional. Conversei um pouco com Bruno sobre isso e também como a pandemia acabou afetando o dia a dia dos atletas.
“Eu recebo mensalmente uma programação com a minha rotina junto ao clube e ela é sempre baseada nos jogos que a gente tem, sejam eles durante a semana ou no final dela, e os treinamentos são encaixados de acordo com essas datas.
Por conta da quarentena, agora que a liga retornou o período de descanso entre os jogos, acabou dando uma encurtada, assim como o tempo dos treinos. Mas a vida é basicamente essa, treino, concentração, jogo… Muitas vezes a gente treina nos horários parecidos com o jogo da semana para se adaptar. O pessoal acha que a vida de jogador é só glamour, mas a gente tá lá todo dia ralando pra fazer o que ama.”
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O que mais gosta em Tallinn?
É óbvio que não ficaríamos falando apenas de futebol nessa conversa e Bruno se mostrou muito feliz com a vida e adaptação no país báltico.
“É difícil falar o que eu mais gosto em Tallinn. Hoje eu posso dizer que amo esse lugar. A arquitetura do lugar é fantástica, tudo o que você quer fazer tem à mão. É uma capital mas ao mesmo tempo não é uma cidade muito grande, o que facilitou a adaptação não só minha como da minha esposa também. A segurança que temos aqui não trocamos por lugar nenhum, poder chegar em casa depois da meia noite, ao final dos jogos e treinos sem se preocupar nas ruas é incrível. Hoje, posso dizer que amo até o clima daqui.”
Com isso fechamos mais uma publicação do Brasileiros na Estônia, se você ainda não leu as outras histórias, é só clicar aqui que tem bastante coisa legal.
Para quem quiser acompanhar a carreira do Bruno, é só seguir ele lá no Instagram @brunocaprioli17, ou então no site oficial da liga você encontra não só a tabela de jogos, mas como também pode assistir a transmissão deles online: jalgpall.ee
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