A Família Abelha, a.k.a Marcela, Peterson e Hannah, contou um pouco da história deles para mais um post da série Brasileiros na Estônia. Eles também falaram de seu empreendimento por aqui, a Brasiilia Maitsed, e compartilharam números bem interessantes com relação ao principal tesouro da gastronomia brasileira: a coxinha – e outras cositas más.
Bom, em quase um ano desde que fundaram a Brasiilia Maitsed, empresa de doces e salgados em Tallinn, já foram produzidas mais de 5.600 unidades (entre doces e salgados) dessas belezinhas. Ou seja:
516 por mês
120 por semana
0,70 por hora
Dado que a comunidade brasileira no país é de aproximadamente 330 pessoas, é fácil afirmar que as delícias caíram no gosto dos estonianos, não é mesmo? 😛
Mas e qual foi o caminho até chegarem aqui? Vamos conhecer um pouco mais sobre a história deles?
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Por que a Estônia?
A família de Governador Valadares, em Minas Gerais, levava uma vida confortável até então e não tinha planos de sair do Brasil tão cedo. Peterson trabalhava como bancário há 7 anos, Marcela estava fazendo da sua paixão por fotografia o seu ganha pão, e a Hanninha fazendo arte.
“No Brasil nossa vida estava muito boa, compramos nosso apê, comecei a pegar firme no que mais amo na vida, que é a fotografia, e Peterson trabalhando no banco. Mas aí vem o maior dos motivos da gente ter mudado de país. Apesar de toda a estabilidade que ele tinha, existia um fator que grande parte dos bancários convivem: a carga e estresse elevada ao máximo, e muitas vezes a quebra de princípios em prol de se manter um emprego. Mas isso nunca foi aceito por ele”, relembra Marcela.
Além disso, Hannah já estava com 2 aninhos e Peterson trabalhava no banco em uma cidade a 70 km de casa. Ele já não queria mais ficar tão longe da filha, ainda mais com todos os problemas que enfrentava no trabalho. Foi então que o destino agiu.
“Certo dia um perfil chamado Vagas pelo Mundo começou a me seguir no Instagram e eu, curiosa que sou, fui logo olhar se não passava daqueles perfis que prometiam vagas falsas – já fui com a intenção de bloquear mesmo. Mas lá estava uma surpresa muito agradável: o perfil era real! Um casal que morava em Portugal e que gostava de ajudar divulgava as vagas no mundo todo para falantes nativos de português (com inglês fluente). Vasculhando o site achei uma vaga para Estônia e me encantei, e logo já queria que o Peterson se candidatasse.”
Bom, não deu outra. Peterson aplicou, passou pelo processo seletivo e entrevistas. Mas é claro que não sem lidar com a rejeição de algumas pessoas, afinal, onde já se viu pedir demissão de um cargo de bancário? E assim, com a coragem na mala, ele se mudou para a Estônia. Ele veio primeiro, em fevereiro de 2019, e logo após a Marcela e a Hannah, em maio do mesmo ano.
“Ficamos distantes por mais de 90 dias (95 dias, 9 horas e 37 minutos segundo Peterson) e a Hannah sempre perguntando se o pai havia ido embora. Foi um processo muito difícil, o Peterson mesmo chegou a ponto de abrir o site pra comprar passagem pra voltar ao Brasil. Minha família foi meu suporte e alicerce durante esse tempo, como são até hoje.”
A adaptação no novo país
Se por si só a mudança para um novo país não é fácil, imagina com uma criança pequena descobrindo a fala, fazendo amiguinhos e longe dos avós. Marcela conta que o início foi um pouco complicado, e o mais difícil inicialmente foi a saudade dela dos avós, tias e primas.
“Ela sempre perguntava que horas iríamos ver o vovô, e isso foi muito doído. Ela chegou aqui com 2 anos e 5 meses e já questionava essas coisas. Mas também o fato de não ter amiguinhos próximos pra brincar, de ter que explicar que as pessoas não a entenderiam, entre outras coisas.”
“O frio foi outro ponto complicado. Somos de uma cidade onde o calor reina 365 dias no ano, e a temperatura não baixava dos 20°C. Aqui, nós já pegamos – 20°C (!!!), porém a saudade de casa, sem dúvida alguma é a parte mais complicada.”
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Coxinha na Estônia?
~ Bom, antes de mais nada permitam-nos quebrar um pouco a sequência para um agradecimento especial e sincero da equipe TERE Tallinn (a.k.a João e Gabi): obrigado Marcela pela coxinha alcançada. ?
Antes de nos mudarmos para a Estônia, morávamos em Dublin, na Irlanda, e encontrávamos coxinha a cada esquina, visto que a comunidade brasileira na Irlanda é bem grande. Mas aqui, sem chance! A gente era feliz e não sabia – até a Brasiilia Maitsed (guarde esse nome) chegar com o pé na porta. ~
Marcela conta que a ideia surgiu já antes deles se mudarem para a Estônia. Como ela não falava inglês, isso dificultava continuar com sua carreira na fotografia, e então a renda principal da família viria do trabalho do Peterson.
“Então, ainda no Brasil, comecei a me especializar em confeitaria com a melhor profissional da minha cidade, Lara Jahel. Foram meses de estudos, webnários e testes para chegar aqui não só para oferecer essas delícias ao nossos conterrâneos – mas apresentar o sabor da gastronomia brasileira para o povo estoniano da melhor forma.”
No início, a família achou que trabalharía mais com bolos e doces, mas percebeu que, na realidade, o pessoal estava com saudades mesmo eram dos salgadinhos brasileiros, liderados pela boa e velha coxinha. “Nossa empresa já tem praticamente um ano de existência, e atendemos não só pessoas físicas, mas também jurídicas e eventos empresariais.”
No cardápio da empresa, além da coxinha, você encontra praticamente todos os salgados brasileiros, como risóles e bolinhas de queijo, empadas – além dos doces, obviamente.
“Nesse um ano passamos por muitas modificações, nos reinventamos durante essa pandemia e temos sido imensamente felizes em atender a todos que chegam até nós com saudades de casa ou querendo conhecer um pouco mais da nossa comida tipicamente brasileira. Queremos em breve expandir nossos negócios e aguardamos ansiosos por isso.”
~Hmmmm, o que será que vem por aí hein? Não é mistério, é curiosidade do editor mesmo. 😛 ~
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Dicas para quem vem a Tallinn pela primeira vez
Obviamente, vivendo um período – mesmo que curto – mas tão intenso por aqui, não poderíamos deixar de conversar com eles sobre as suas impressões e dicas do país para quem deseja embarcar no avião, assim como eles, com a cara e a coragem, e desbravar o país báltico. Olha só esse depoimento repleto de dicas:
“Para quem está se mudando, venha sem julgamentos (com bastante resiliência), se interesse de fato pelo povo, pela língua e não venha somente pensando “estou a trabalho”, mas estou sim a trabalho, porém é o país que me acolheu, me deu a oportunidade de subir um degrau e o mínimo que preciso fazer é ter respeito por tudo o que já aconteceu por aqui.
Ah, e claro, aproveite cada segundo de todos os dias, pois eles vão de 0 a 80 muito rápido, de intermináveis que não escurecem, até dias que olhamos pela janela às 15h e já está super escuro.
Sobre comida, indicamos a casa de panquecas mais famosa da cidade: o Kompressor. É um restaurante que o une o útil (baratinho demais) ao agradável (fica na Old Town, o lugar mais lindo dessa cidade).
E se vier a Tallinn, tire um dia inteiro pra passar deitado na grama do Kadriorg Park (claro se vier no verão ou mesmo na primavera), fazendo um picnic e, lógico, como toda boa capital, vá ao famoso mercadão, mais conhecido como Balti Jaama Turg.
Poderia listar um terceiro lugar, onde vai encontrar beleza natural, arquitetura moderna e vários restaurantes, que seria Port Noblessner.”
Para fechar a publicação, perguntamos para a Marcela qual a comida típica que ela mais gosta. “Amo a Pavlova, e me julguem, mas hoje amo os cafés daqui. Quando cheguei trouxe vários e vários kilos de café brasileiro, demorei pra me acostumar com os daqui, mas hoje já amo!”
Bom, não deixe de seguir e conhecer o trabalho dessa família pelas redes sociais:
Facebook: brasiiliamaitsed | Instagram: @brasiilia.maitsed | Instagram da família: @aquinaestonia